Parir, dar à luz, fazer nascer um novo ser, o que lhe quiserem chamar - é algo de único e mágico, e não há dois partos iguais, nem na mesma mulher.
O meu A. mais novo, o Alex, faz hoje 12 meses e eu estou de coração cheio. E recordo-me tão nitidamente do parto, parece que foi ontem.
Já sabia ao que ia, afinal só o primeiro parto é que nos apanha de surpresa, porque tudo é novidade, o bom e o mau. Para o Alex não sabia ainda como ia ser mas tinha noção do que me esperava.
Tinha data prevista de parto para 25 de Maio, e cheguei ao segundo trimestre a pensar que já estava a rebolar quanto mais chegar a final de Maio, o obstetra tinha indicado que o bebé era grande e eu entusiasmei-me (novamente) e engordei uns 20 quilos.
Cheguei às 38 semanas calma, mas já tudo me custava, chegar aos pés era miragem. Fiz as aulas de preparação para o parto (que aconselho vivamente), tinha as malas prontas. As contracções eram muito esporádicas e sem sinal de alarme.
Há medida que o tempo ia passando sei que o que mais me assustava era a nova dinâmica familiar, como iria reagir o mais velho? Conseguiríamos dar conta do recado? O mais velho ainda usa fraldas e já nos metemos noutra.
Ao longo desta segunda gravidez sempre disse que giro giro era nascer a 13 de Maio, era dia de Nossa Senhora, tinha um significado bonito. Mas cheguei a dia 12 e nada!!! Tranquilíssima da minha vida.
Tinha então 38 semanas e 3 dias, era uma quinta-feira.
Levantei-me e fui à aula de preparação para o parto, era apenas exercícios, porra das aulas que começavam às 08.30.
Depois tinha consulta no centro de saúde e lá fui, redonda que nem uma bola, e a médica olhou para mim e disse que seria a última consulta, para aproveitar e descansar. Os meus pés metiam respeito.
Vim para casa, almocei (como se o mundo fosse acabar) e vi televisão.
Lembrei-me que tinha de ir às compras, lá fui empurrar um carrinho que estava 2 metros à minha frente por causa da barriga. Enchi-o, capacidade para o qual estou extremamente dotado. 😉😁😁
Fui pagar as compras e ao colocar as coisas no carrinho, eiiiiiiiiiiiiiiiiiii, que dor nas costas, puff foi rápido, passou. Devo ter dado algum jeito.
Hora de ir buscar o meu filhote mais velho aos sogros. E lá nova dor de costas parva, eiiii, passou. No big deal.
Quis o destino que nessa tarde tivesse a companhia do meu pai para irmos lanchar, eu, o A. mais velho e o meu pai. Num café sem mais ninguém, calmos e serenos. Até que... dor de costas horrorosa e mais demorada a passar. E começo a fazer caras feias.
Acreditei piamente que eram cólicas. Algo que comi, algum jeito que dei, porque a porra da dor era no fundo das costas.
Mas num espaço de quinze minutos comecei a olhar para o relógio, e as dores começaram a ser mais intensas, mais demoradas e com intervalos mais curtos. Sei que olhei para o meu pai e foi fácil perceber: leva-me ao hospital!!! Liguei ao marido que estava no trabalho, não te quero dar pressa mas despacha-te!!!!
E entrei em trabalho de parto, assim do nada, estava cheia de contracções. Entrei no bloco de partos por volta das 19h. Sei que devo ter feito uma figura de ursa, as enfermeiras falavam comigo mas eu já estava em transe.
Lembro-me de assinar o termo de responsabilidade já deitada, e de começar a pedir a epidural.
Mas como não estava à espera fui para o hospital sem as malas, sem os exames, sem nada. Tinha apenas comigo o boletim de grávida que esse andava sempre na minha mala.
Moral da história: como não há exames, não há epidural até virem resultados das análises, que ainda vamos fazer agora! (Pânico!)
Mas eu queroooooooo a epidural!!!!!
E passei duas horas a pedir a epidural, felizmente deixaram-me estar de pé a gozar a coisa. Chegou o meu marido que me ouviu a pedir a epidural 300 vezes e me deu um conforto daqueles, se bem que na hora não aliviava em nada.
No fundo sabia que não iria levar qualquer tipo de anestesia, sabia que não havia tempo, mas agarrei-me à ideia que sim, para o corpo suportar melhor a ideia que ainda há pouco estava nas compras e agora iria nascer o meu segundo filho.
Perto das 21h a parteira pediu-me para deitar, tinha de ser, embora deitada as costas fossem terríveis. Deitei-me e ouvi: "vai nascer".
E às 21.20 nasceu o meu segundo filho, o segundo amor da minha vida.
E quem chegou na altura? A anestesista para me dar a epidural: "obrigadinha sim, já não preciso!!"
Foi um parto natural, sem grande intervenção da medicina apenas a natureza a funcionar. Custou, foi intenso mas, só nós mulheres, conhecemos a sensação de fazer nascer um ser. E nasceu ainda a 12 de Maio.
Não troco isto por nada.
Os meus filhos, os meus tesouros.