segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Somos o que comemos

Na passada sexta-feira vi uma reportagem no jornal da noite da SIC que me deixou perturbada, perplexa, pensativa.. nem sei adjectivar bem.
A reportagem chamava-se mesmo "Somos o que comemos".

Nunca foi a pessoa mais cuidadosa e atenta no que diz respeito aos hábitos alimentares mas desde que tenho filhos que olho para o assunto com outro cuidado.
Tudo começou com o A. mais velho. Mamou até muito tarde, até aos 20 meses e sempre teve graves problemas de obstipação - falarei nisso posteriormente. Assim, quando lhe introduzimos o leite de vaca tivemos logo sintomas e análises afirmativas.

O A. mais velho tinha APLV - alergia à proteína do leite de vaca e no início tivemos que nos habituar a novas alternativas. Com as análises positivas, para além de ser seguido na pediatra começou também numa alergologista. Fez uma quantidade de testes para despiste de mais alergias e também tivemos positivo para o ovo. Bolas era pior. Não podia comer nada que tivesse ovo na composição: massas, pão, bolachas.

Felizmente o nível da alergia era reduzido e tinha grandes probabilidades de passar com o crescimento e passou. É um alívio saber que pode comer tudo sem constrangimentos, apesar de não beber leite de qualquer maneira. Faz bebida de aveia.

Mas com as análises agora negativas vieram as novidades: as línguas de gato, as gomas, as bolachas com recheio, os chupa-chupas. Alimentos que até à data eram totalmente proibidos agora pode, e experimentou e gostou. Agora é disciplina-lo, pois só pode comer em determinadas ocasiões. Muitos doces não contêm leite nem ovos mas nós pusemos tudo no mesmo saco, afinal de contas também não lhe fazia falta.
Mas uma vez introduzido o açúcar, o chocolate é difícil... a nossa sociedade está preparada para envenenar a pequenada senão tivermos pulso firme.

Comer em dias de festa, muito excepcionalmente não faz mal a ninguém. Mal é quando todos os dias são dias de festa.

Com o nascimento do A. mais novo e tendo mais disponibilidade comecei a investir um pouco mais em fazer algumas coisas em casa, como é o caso das papas e do pão. Gostava mesmo de chegar ao ponto de conseguir fazer grande parte em casa: iogurtes, bolachas, sumos, a própria bebida de aveia.
O ideal seria restringir ao máximo o consumo de alimentos industrializados e processados e assim volto à reportagem que falei no início.

Duma maneira muito básica mas também muito facilmente perceptível  fazia um comparativo entre aquilo que damos às nossas crianças e um pacote de açúcar - 5 gr por pacote.
E eu vi a reportagem atentamente e fiquei escandalizada.

E apercebi-me que apesar de algumas coisas que faço em casa, ainda me falta percorrer um longo caminho até poder proporcionar uma alimentação com muito menos açúcar aos meus borreguinhos.
Com o A. mais novo espero ser mais fácil porque ainda está numa fase de adaptação, agora com o A. mais velho.. se lhe der um iogurte natural torce o nariz. Porque já facilitámos demais.

Então hoje pus-me a consultar os rótulos das coisas que tinha em casa e concluo uma coisa estupidamente importante: escolhas! Tudo depende das escolhas que fazemos na altura de comprar e do que temos em casa. Temos de saber fazer escolhas inteligentes.

O choque maior foi um iogurte de aroma de banana. Um iogurte. Não paro de pensar no iogurte. Como é possível?
Um iogurte de aroma de banana, 125 gr de iogurte têm 15 gr de açúcar! Ou seja, 3 pacotes de açúcar. 3 pacotes de açúcar num simples iogurte.



Eu sabia que podia não ser a coisa mais saudável à face da terra mas também não tinha noção do perigo que era. Porque uma coisa é darmos ao nosso filho uma coisa que sabemos que deliberadamente não é saudável, temos essa consciência e permitimos (como em dias especiais), outra coisa são alimentos que consideramos do dia-a-dia.

O A. mais velho por vezes gosta de comer cereais ao pequeno-almoço, ao que adiciona a bebida de aveia. Gosta especialmente de estrelitas, e nós por vezes permitimos. E hoje lá fui eu ver a embalagem.. se uma porção tiver 30 gr são mais 3 pacotes de açúcar só nos cereais...

E lembrei-me de ir ver os corn flakes que também costumamos consumir. Pois bem, respirei. Por porção de 30 gr destes cereais temos 2,1 de açúcar. É uma discrepância avassaladora...
E é assim que nunca mais se verão estrelitas nesta casa e determinados alimentos de compra vão começar a ocupar mais espaço, dando ainda primazia aos alimentos feitos em casa.

Ler rótulos e comparar com o pacotinho de açúcar é tão básico mas ao mesmo tempo dá-nos uma noção muito real daquilo que vamos ingerir...

E se queremos crianças saudáveis, fortes e a fazer escolhas inteligentes temos de os ensinar desde já e eu já vou tarde...

2 comentários:

  1. Miga, em primeiro lugar parabéns pelo blog, há dias que andava para o espereitar, mas o tempo vao a correr e já sabes vai se adiando...até agora gostei do que vi, e espero ansiosa pelas tuas dicas, já sabes que estou fã das papinhas caseiras....
    Já tinha visto esta reportagem há uns tempos, e mesmo antes de ter o Gui, comecei a ter atenção os rótulos e quantidade de açucar. Agora com ele tento não ser extremista mas atenta e responsável, é por isso que envio todos os dias a comidinha dele para a ama em vez de ele comer a do infantário, que até já esta paga incluida na mensalidade, mas as minhas papinhas para além de kilos amor, tem qualidade e variedade.

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    1. Querida amiga!!! É isso mesmo, o meu próximo objectivo será os iogurtes e os biscoitos, ando em experiências depois partilho as receitas. Quero ao máximo evitar os alimentos processados. Muitos Beijinhos

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