sexta-feira, 3 de março de 2017

Ser Mãe e Pintar as Unhas

Pensei em alguns títulos para este post, e aquele que gostei mais foi: "E tudo a Maternidade levou", mas depois achei muito dramático, preferi descomplicar.

A maternidade mudou-me. Alias, acho que muda toda a mulher, cada uma à sua maneira.
A gravidez e o nascimento do A. mais velho foi uma total descoberta, é o amor desmedido. É passares de ser o centro das atenções para te focares inteiramente naquele pequeno ser, totalmente dependente e frágil.
É mudares todas as tuas prioridades e o casal adaptar-se e moldar-se às novas rotinas, ao choro, ao cansaço, às limitações.

Com o A. mais velho tive 5 meses de licença e voltei ao trabalho, em Lisboa, e custou-me horrores. Ainda guardo aquela sensação, porque me custou realmente muito. Voltar à rotina, à agitação citadina, ao trânsito e ao estar longe do meu primeiro filho.

E foi assim durante cerca de 2 anos e meio, sendo que a única coisa que alterou foi que consegui trabalho um pouco mais perto de casa - em vez de perder 3 horas por dia em deslocação, perdia apenas 1 hora.

Mas, entretanto a magia deu-se e engravidei do A. mais novo. E perto do final da gravidez vim para casa e não voltei a sair, não voltei ao mercado de trabalho, porque assim a vida se proporcionou.

E assumi o meu total papel enquanto mãe de 2 pequenos borreguinhos, que tanto precisam de acompanhamento e dedicação. E de dona de casa, apesar de ter a nítida sensação que é um trabalho que nunca acaba, é daquelas tarefas sem fim.

Recordo-me da minha tia/madrinha, ao saber que iria ficar em casa, me alertar: "não te esqueças de ti".
Mas os últimos meses passaram a correr, e sim, esqueci-me de mim.
Mas hoje parei. 

Porque vai haver sempre roupa para lavar e chão para aspirar. Porque os brinquedos fora do sítio não passam de validade.
Fui à depilação e, já em casa, pintei as unhas.
Para muitas talvez seja uma coisa banal, para mim, soube-me mesmo bem!

Antes, antes da maternidade adorava pintar as unhas, ainda tenho uma caixa cheia de vernizes, com todas as cores. Fútil? Talvez, mas há dias em que temos mesmo de pensar em nós e levantarmos a cabeça.
Sei perfeitamente que se tiver feliz, bem humorada, os meninos vão perceber isso e ficar contentes também.

Hoje, ao chegar da escolinha o A. mais velho olhou para mim mas não disse nada. À noite, depois do pai chegar disse-lhe: "Pai hoje temos uma novidade: a mãe pintou as unhas!"

Parece que o meu filho mais velho percebeu o quão importante para mim tinha sido aquele gesto, em que me senti mais mulher, mais feminina.
Espero que o tempo me permita conciliar melhor as coisas, para continuar a ser uma mãe que se lembra dela própria.



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